SESC MOGI DAS CRUZES | Proposta Apresentada em Concurso

 

Os espaços coletivos urbanos são fundamentais na tessitura da cidade contemporânea, atuando como elementos estruturantes na promoção da cidadania e na construção de cidades mais inclusivas, democráticas e sustentáveis. Esses locais, ao funcionarem como catalisadores de encontros, transcendem sua função utilitária, transformando-se em palcos de convívio e intercâmbio de experiências entre indivíduos de diferentes faixas etárias, contextos sociais e expressões culturais, fortalecendo os vínculos comunitários e reforçando a identidade urbana. Para que esses espaços cumpram seu papel de maneira integral, é imprescindível que seu planejamento e concepção estejam alicerçados em princípios de acessibilidade, acolhimento e pertencimento. Não se trata apenas de criar cenários funcionais para o cotidiano, mas de conceber territórios abertos, dinâmicos e plurais, que encarnem a essência do espaço coletivo. Esses ambientes devem ser capazes de fomentar a cidadania ativa, ressignificando a relação entre os indivíduos e a cidade, e promovendo uma apropriação genuína por parte da comunidade. Contudo, nos últimos anos, temos enfrentado desafios que comprometeram essa dimensão coletiva. A pandemia, com seu isolamento forçado, e políticas públicas que negligenciam a criação e manutenção desses espaços, fragilizaram sua presença e importância no tecido urbano. É nesse contexto que o Concurso Nacional de Estudo Preliminar de Arquitetura para a Unidade Sesc Mogi das Cruzes se apresenta como uma oportunidade ímpar de repensar o futuro das nossas cidades. Para além do exercício projetual, trata-se de um convite à reflexão crítica sobre o papel dos espaços coletivos na construção de uma sociedade mais inclusiva, vibrante e democrática, estimulando o diálogo e a colaboração na busca por soluções que promovam o encontro, a convivência e o pertencimento. O terreno destinado à nova unidade do Sesc Mogi das Cruzes está inserido em um contexto estratégico dentro da dinâmica urbana. Localizado ao longo da Rodovia Professor Alfredo Rolim de Moura, um importante eixo viário, o local se posiciona no vetor de crescimento da cidade, conectando o centro de Mogi das Cruzes ao distrito de César de Souza. Situado entre essas duas centralidades, o terreno se insere em uma área de expansão urbana, ao mesmo tempo em que dialoga com o Cinturão Verde de São Paulo por meio da Serra do Itapeti e da Reserva do Rio Tietê, proporcionando uma relação privilegiada com a paisagem natural. Todo esse contexto somado à vista para a Serra do Itapeti proporciona ao terreno um grande potencial para um projeto que equilibra a vida urbana com a valorização ambiental e a convivência coletiva. O terreno da nova unidade do Sesc Mogi das Cruzes carrega consigo pré-existências que demandam uma leitura atenta e sensível por parte do projeto. A atual unidade, que será demolida, deixa um legado de memórias e usos que devem ser reinterpretados na nova proposta, mantendo viva a identidade do lugar. O sítio apresenta desníveis significativos em relação às vias urbanas, o que exige uma solução projetual que articule a topografia de forma fluida, garantindo acessibilidade e integração com o entorno. A cota de nível 750 assume papel estratégico, funcionando como um marco de referência para a organização espacial e a conexão entre os diferentes planos do terreno. A vegetação existente, com seus elementos arbóreos consolidados, deve ser preservada e incorporada ao projeto, reforçando o diálogo entre arquitetura e natureza. Além disso, a “rua interna” atual, que hoje estrutura os fluxos e usos da unidade, oferece uma oportunidade para repensar os percursos e a dinâmica de ocupação, transformando-a em um elemento de transição e convívio que potencialize a experiência do usuário e a integração com a paisagem. Essas pré-existências, ao serem reinterpretadas, tornam-se pilares para um projeto que respeita o passado enquanto projeta o futuro. A proposta projetual para o Sesc Mogi das Cruzes é concebida como uma Unidade Parque, onde a integração entre arquitetura, natureza e comunidade se dá de forma orgânica e sensível. O conceito central do projeto é criar um espaço que promova a convivência, a acessibilidade e a sustentabilidade, respeitando as pré-existências do terreno e dialogando com o entorno natural e urbano. Cada aspecto do projeto foi cuidadosamente pensado para atender a esses objetivos, buscando uma arquitetura que celebra o encontro entre pessoas, cultura e meio ambiente.

Dados do Projeto:

Projeto: 2025;

Área de intervenção: 20.000,00m²;

Área construída: 6.600,00m².

Ficha Técnica:

Autores:  Sergio Faraulo, Maria Luiza Barezi, Thiago Martins e Israel Ferreira.

Paisagismo: Carlota Incháustegui e Natasha Rossi.